"O presidente e fundador do grupo Arezzo, Anderson Birman, afirmou à Folha que preferiu recuar, retirando das lojas Arezzo todos os produtos com pele de raposa.
A Arezzo anunciou a retirada de produtos da coleção Pelemania que usavam em sua confecção pele de raposa. A decisão foi tomada depois de manifestações raivosas na internet.
O presidente da marca afirmou que a Pelemania não é uma moda lançada pela Arezzo, mas uma tendência mundial para o inverno 2011. "Em todos os editoriais de moda de todas as revistas do mundo, inclusive nas brasileiras, esse fenômeno do uso de peles está sendo veiculado. Todas as marcas estão usando, é um tendência forte", afirmou."
Vou começar aqui: Veja bem. A pobre alma, que só quer enganar as pessoas, diz que é a tendência. Como se a tendência fosse uma entidade viva, de vontade própria, como se não fossem eles mesmos quem criassem essa tal tendência
E tem mais: se fosse tendência como ele diz, a Arezzo não entraria no trend topics do Twitter de forma negativa. Se entrou, é porque a tendência é contrária ao que ele imagina. Talvez ele saiba disso, mas apenas tente nos convencer de alguma coisa diferente para conseguir mais dinheiro.
As pessoas estão pensando mais e questionando mais. Não queremos animais sendo mortos apenas porque alguma madames querem usar pelo de animal no corpo. Isso é futilidade, logo, está longe de ser necessário.
Voltemos à reportagem.
"No site da marca, o anúncio da coleção Pelemania dizia: "Hit glamuroso da temporada. Não pode faltar no guarda-roupa da fashionista" "
Não preciso comentar a frase acima né? Glamour do guarda-roupa da fashionista? Claro, faz todo o sentido pra mim.
Abaixo, algumas respostas do homem responsável pelo desastre em entrevista à Folha.
Folha - Como começou essa polêmica?
Anderson Birman - O que conseguimos fazer foi viabilizar a importação de pele de raposa, absolutamente legalizada, com certificado de origem, com certificado de regularidade, tudo dentro do que os parâmetros de sustentabilidade permitem. Acredito que isso associado a peles que a gente tem, peles de coelho e pele sintética --a grande maioria é de pele sintética-- é que gerou essa polêmica
A pele de raposa usada nos produtos é de criatório, não é de animal selvagem, não tem dano nenhum a natureza, isso é que dá sustentabilidade, é o uso gerenciado e controlado, mas gerou essa polêmica toda que acho que deve ter sido feita por ambientalistas de plantão com os quais não vou me expor para debater isso."Será que ele não entendeu nada? Ou está se fazendo de idiota? A maioria dos protestos não tinha relação nenhuma com sustentabilidade ou certificados. As pessoas estão se opondo a matança dos animais porque isso causa sofrimento a um ser vivo. Não queremos animais sendo criados em jaulas para serem sacrificados porque um pessoa fútil quer vestir pele e não tem mais nada para se preocupar na vida ou porque uma empresa quer lucrar mais.
É claro que ele não vai debater o assunto porque não existe argumento que justifique uma coleção de pele. Os acionistas querem lucro. Esse é o argumento. E com esse argumento, qualquer debate seria apenas uma massacre.
"Folha - O uso de pele de raposa é uma tendência mundial?
Sim."
Aqui a jornalista tenta dar uma ajuda pra ele. Deu pra ver a tendência no Twitter né? Obviamente, ele deve achar que Brasil não faz parte do mundo. Ou então pensa que o Twitter não faz parte do planeta. Porque no microblog a tendência parece outra.
"Folha - O uso da pele do coelho também foi contestada, vocês vão retirar também?
Não, só a pele de raposa. Nosso entendimento é que todo animal que está na cadeia alimentar, não tem como. Você vai a um restaurante e come coelho no mundo inteiro. É produção de proteína animal, é uma coisa que tem quem goste e quem não goste, mas está na origem do ser humano. E tem o uso da pele de ovelhas também, é um uso milenar."
Para mim, raposas ou coelhos são a mesma coisa e sou contra da mesma forma. Reparem que ele entende que "todo animal que está na cadeia alimentar, não tem como". Não tem como o que? o que? Fica na frente de um leão na áfrica para ver se você não entra na cadeia alimentar na hora.
Eu também queria saber onde ele come. Do jeito que o cara fala, parece até que existe carne de coelho em todo lugar que você almoça. Aqui no trabalho tem carne de coelho uma vez por semana, po, coisa corriqueira. Onde você come deve ter também? Não dá para levar a sério.
Não estamos falando de alimento. Estamos falando de vestimenta. E eu nunca ouvi falar da cadeia vestimentar. Talvez exista a cadeia fashionista e eu não estou sabendo.
O outro argumento é: isso é milenar. E ainda bem que a sociedade evolui e abandona seus piores habitos. Com o tempo as atitudes grosseiras vão desaparecendo. Até 1850 a escravidão era milenar. Os povos sempre escravizavam os inimigos. Isso serve mesmo como argumentação? O que era aceitável ou corriqueiro ontem está deixando de ser hoje. Eu usei só um argumento, mas quantas outras milhares de coisas "milenares" já deixaram de existir.
As pessoas usavam pele de animais porque viviam num modo de vida selvagem, caçando e não fabricando. Não tinham como se proteger do frio e a melhor forma de fazer isso era usando a pele do animal selvagem que era caçado. Era uma necessidade e não futilidade. Normalmente isso acontecia em regiões muito frias. Ou será que tinha algum índio usando pele no Brasil?
"E é um negócio insignificante no contexto da Arezzo para poder servir de instrumento do debate, eu achei melhor recuar do que ceder tão pouco a um debate que eu não acho que seja construtivo a ninguém."
Talvez não seja construtivo para ele e para a empresa dele, mas para a sociedade é muito construtivo sim. Eles deveriam aprender com isso, mas se disse que isso não é construtivo a ninguém, é porque não aprendeu muita coisa.
E aí, você ainda vai comprar alguma coisa nessa loja? Eu nunca comprei e não vai ser agora que vou comprar.
Um comentário:
Snap Noris, bom dia. Seu comentário é digno de condecoração! Me autorizaria usar teu texto, com os devidos créditos, para fins de divulgação?
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