sábado, 24 de abril de 2010

O Argumento da Plantinha Que Também Morre

Algumas semanas atrás fui almoçar com meu chefe e mais alguns colegas de trabalho e quase sempre surge o assunto vegetarianismo. Dessa vez, meu chefe resolveu me fazer as mesmas perguntas que todos fazem, e eu comecei a responder solicitamente.

Chegou um momento em que ele me fez uma pergunta a qual eu não me lembro com exatidão, mas que tratava do assunto de plantas também morrerem e até sofrerem. Volto a dizer que não me lembro exatamente como foi a pergunta, mas era sobre isso.

Neste momento eu não respondi e falei que a primeira reação do ser humano era negar as coisas novas. Eu sabia disso porque eu fiz todas essas mesmas perguntas que ele fez antes de me tornar vegetariano e eu sei a resposta para todas elas.

Ele ficou indignado por eu o estar desqualificando e usando um agumento que não prova nada, apenas encerra a conversa. Eu expliquei que o problema era que 50% do departamento já havia feito exatamente as mesmas perguntas, assim como outro milhão de pessoas em outros lugares e que isso cansa um pouco.

Isso tudo aconteceu enquanto voltavamos para a sala. Na sala, uma das pessoas que estava com a gente me fez uma pergunta diferente e eu respondi. Não demorou 5 minutos e chegou o chefe de outra equipe me fazendo as mesmas perguntas que me chefe havia me feito 20 minutos atrás. Eu olhei para o meu chefe e falei: Está vendo como é? E ele riu.

Fui solicito nas respostas ao outro chefe e voltei ao chefe da minha equipe para explicar. Falei assim:

"Eu não respondi a pergunta porque eu sei que você sabe a resposta. Eu sou um cara irônico e todas as perguntas que você pretende me fazer, eu já fiz, porque eu já estive do outro lado. Eu também neguei essa coisa toda de vegetarianismo, eu também lutei contra e usei muita ironia em minhas perguntas diversas vezes. Esse é um debate que envolve o lado em que você está e a pessoa puxa para sí, defende como se fosse o seu lado e ataca o outro. Não é só uma troca de argumentação. Você sabe a resposta para a pergunta que me fez, por isso não respondi"

Ele falou algo interessante:

"O problema é que o pessoa vegetariana já vem atacando, tenta usar o argumento da culpa, tenta te fazer sentir mal por comer carne, aí a gente já fica na defensiva quando fala desse assunto. Mas eu sei a resposta? Não sei não?"

Eu achei interessante e concordei que os vegetarianso e veganos fazem isso, eu faço as vezes, mas não muito, porque quando você ataca, a pessoal realmente se defende e eu sou um cara que ataca muito, mas no vegetarianismo eu sei que esses ataques não funcionam tão bem. E como meu objetivo é conscientizar, as vezes eu tento outras abordagens, como era o caso nesses dia.

Então, chegou o momento que me fez escrever todo este texto. Eu falei:

"Quer ver como você sabe? Sua filha tem cinco anos de idade e admitindo que você deixaria ela pegar uma faca. Dê uma faca para ela e mande ela ir lá e colher (matar) um alface e depois peça para ela ir até uma galinha ou um porquinho e fazer a mesma coisa."

Alguns segundos de silêncio... Ele me olhou e disse. "mas aí ela vai se traumatizar. Eu não vou deixar ela matar o bixo."

Para terminar eu concluí. "Viu, você sabia a diferença o tempo inteiro."

É, pois é.

12 comentários:

Mª de Lourdes disse...

Muito bom seu texto de uma realidade q é tb a minha e me revi em todas as questões q , nós, vegetarianos/veganos ouvimos todos os dias. Será karma? (risos)
Mas é um óptimo karma, pq se para toda a acção existe uma reação de força equivalente em sentido contrário, então as nossas atitudes e intenções são correctas.
Afinal, como vc diz, todos sabem a resposta a essa pergunta e a muitas outras mas por uma questão 'cultural'(será?) teimam em nos metralhar sempre com questões sobre princípios fundamentais que deveriam ser respeitados por todos.
Tal como o Homem é responsável pelos seus karmas tb o é pelo dogmas q cria numa sociedade q se diz tão religiosa mas cujo maior pecado é pensar q é a santidade que leva as pessoas ao paraíso, mas são os gestos mais insignificantes podem ser os mais graves.

Abs.
Namastê!
(vou continuar a seguir o seu blog)
Posso usar o seu texto no meu blog? Achei bastante pertinente.
Agradeço desde já.

Bruno Marota disse...

Fique a vontade para colocar o texto em outro Blog.

X disse...

Adorei a sua resposta.
Mas geralmente eu é que sou atacada pelos onívoros. Ficam tentando me convencer de que estou errada e o argumento da plantinha é sempre o final, quando já rebati todos os outros.
Como disse o Hegel "Quem exagera no argumento prejudica a causa". Por que será que a gente sempre ganha a discussão? =D

Abraços

Anônimo disse...

hmmm digamos que as plantas sentissem dor do mesmo modo que os animais. os animais comem plantas , então quem come animais mata muito mais plantas do que quem nao come.e aí?!

Tes Saloniki disse...

Boa tarde!

Seu artigo foi divulgado no blog Planeta Vegetariano, com os devidos créditos.

Não deixe de conferir em: http://planetavegetariano.blogspot.com/2010/05/o-argumento-da-plantinha-que-tambem.html

TES

Bruno Marota disse...

Blz, sem problemas. Que bom que as pessoas estão gostando do texto.

Anônimo disse...

N~~ao é porque as plantas não reagem (emitem sons de desespero) ou expelem seus fluidos que não são atacadas ou agredidas. As plantas quandão são atacadas, mudam a sua química interna para repelir o agressor, de forma a emitir odores para outras plantas. Seria como cortar a gargante de uma galinha em estado de coma, a dor será sentida na alma... boa salada!!!

Bruna Sodré disse...

Sempre que deixam um comentário anônimo é pra falar alguma grande besteira.. o usuário não tem coragem nem de se identificar!

A dor é algo bem óbvio.

Juca Sodré disse...

Bruna,
Essa citação não é uma grande besteira também?
"Quer ver como você sabe? Sua filha tem cinco anos de idade e admitindo que você deixaria ela pegar uma faca. Dê uma faca para ela e mande ela ir lá e colher (matar) um alface e depois peça para ela ir até uma galinha ou um porquinho e fazer a mesma coisa."

Bruna Sodré disse...

Então 'Juca Sodré', se você acha que a sua filhinha de 5 anos faria isso da forma mais natural possível, sem pensar duas vezes... é realmente algo preocupante.

Mas claro, pode acontecer, assim como já houve caso de criança que, sem querer, matou o coleguinha e tal. Aliás, o mundo anda muito violento ultimamente...

Juca Sodré disse...

Bruna,
o engraçado é que no passado as crianças acompanhavam os pais na rotina de fazer as refeições e tinham que matar um frango, um porco ou outro animal. Mas nesta época, o índice de violência era baixa.
O que acho é o seguinte:
Não precisam tentar justificar algo que acreditam, como o hábito vegetariano e suas derivações, atacando o hábito dos outros.
Também não acho que a busca de alimentos através da caça, incite a violência. temos os casos dos índios e ouros povos que na maiorias dos casos são pacíficos.
Este será meu último comentário e me desculpe se expus a minha opinião. Abraços.

roberto disse...

Juca,
para ajudar o seu raciocínio.
http://www.artigonal.com/nutricao-artigos/vegetarianismo-na-visao-de-um-espirita-2852791.html
"Se você acha que basta parar de comer carne para acabar com a matança, está enganado. Há muito mais produtos no mercado que incluem animais mortos do que imagina a nossa vã filosofia.

Não sei de que planeta vocês saíram mas a verdade é a seguinte.

Para começar, boa parte da indústria de vestuário depende de animais.

1) O couro, você sabe, é a pele de bichos abatidos. Para separar o fio de seda, é preciso ferver o bicho-da-seda.

2) Filmes fotográficos e de cinema são recobertos por uma gelatina, retirada da canela da vaca.

3) Dos pés bovinos saem também substâncias usadas na espuma dos extintores de incêndio.

4) O sangue bovino rende um fixador para tinturas e a gordura acaba em pneus, plásticos, detergentes, velas e no PVC.

5) Cremes de barbear, xampus, cosméticos e dinamite derivam da glicerina, substância que contém gordura bovina.

6) A quantidade de medicamentos feitos com pedaços de gado, do pâncreas ao cordão umbilical, passando pelos testículos, é imensa.

7) Há um pouco das vacas também em vários produtos da indústria alimentícia – e não estamos falando só de bife à parmegiana.

8) A gelatina deve a consistência ao colágeno arrancado da pele e dos ossos. Aliás, quase toda comida elástica contém colágeno – da maria-mole ao chiclete.

9) Os queijos curados são feitos com uma enzima do estômago do bezerro. Além dos bovinos, vários outros animais são usados pela indústria de comida.

10) Os corantes: coxonilha e carmin. O primeiro, usado para tingir de azul, é feito de besouros moídos. O segundo, que pinta de vermelho, é feito de lesmas amassadas."

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